quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Wing Chun Kuen

É uma arte marcial chinesa, dentre as centenas de expressões daquilo que no ocidente é chamado popularmente de Kung Fu. Segundo a tradição oral de nosso Clã, suas origens remontam Siu Lam Jee, o famoso templo budista de Shaolin, conhecido por seus monges lutadores e por ter sido o berço da filosofia Chan (Zen, em japonês).

Após a destruição do templo pelo imperador da dinastia Ching, por volta de 1734, a arte passou a ser ensinada de modo sub-reptício pelos monges sobreviventes, indo parar numa trupe de atores de Ópera cantonesa chamada Kin Fah Wui Guon (A Sociedade da Preciosa Flor de Jade), cujo objetivo,  além dos feitos artísticos, era o de disseminar o ideal de restauração da dinastia Ming, por meio da revolução armada. Após a dissolução do grupo, supostamente envolvido em uma rebelião, a arte foi reflorescer na cidade da Montanha de Buddha, Futsan na segunda metade do séc. XIX.

Por volta de 1949, o honorável Ancestral Yip Man estabeleceu-se em Hong Kong. Dentre seus principais discípulos, um ator chamado Bruce Lee tornou-se um astro do cinema de ação internacional, no começo dos anos setenta, fato decisivo para que o Wing Chun se popularizasse, sendo hoje umas das artes marciais chinesas mais praticadas do mundo.

O Applied* Wing Chun é um sistema de luta cujo foco principal está nos combates curtos e intensos, nos quais o praticante responderá potencialmente a diferentes agentes agressores em situação de desvantagem, ou seja, o combate em ambiente NÃO-CONTROLADO.

Para isso, o praticante se vale duma estratégia que utiliza um amplo leque de ações defensivas composto da combinação criativa de movimentos simples e contra-ataques explosivos e diretos, socos, cotoveladas, golpes de palma e uma grande variedade de “low kicks”, que são uma marca registrada de nossa ramificação.

Contudo, a mera menção ao termo “defesa pessoal”, não completa o sentido da arte, por seu alto conteúdo filosófico e por ser, embora com algumas limitações, adaptável ao combate esportivo, hábito que os praticantes de nosso clã usam pra cultivar o espírito guerreiro, sem, entretanto, dar lugar ao discurso falso sobre uma suposta superioridade de nosso sistema frente a outras lutas, que infelizmente tem sido seu principal meio de divulgação por pessoas inescrupulosas e ineptas. Wing Chun é só uma arte marcial, nem melhor tampouco pior que qualquer outra. O Wing Chun praticado de sua forma tradicional é algo difícil de ser ensinado, por isso é uma escola de pouco apelo popular, preferida em geral por policiais, seguranças, profissionais liberais e pessoas de perfil intelectualizado de diferentes classes sociais.

*Denominação utilizada para propagação internacional do nosso legado marcial desde 2002, escolhida por Sifu Duncan Leung, cuja tradução é “Wing Chun Aplicado”

Matérial sedido gentilmente pelo meu Sifu Manoel Ramos.

Um comentário:

  1. Eu já treinei wing chun. Hoje treino muay thai porque é muito mais pegada!

    ResponderExcluir