As pessoas não existem em função da sabedoria e sim o contrário. Tornou-se comum nos depararmos com indivíduos que possuem em sua mente uma idéia deturpada de conhecimento, se achando de certo modo superiores dos seus semelhantes, e esse é o principal equivoco que a falsa sabedoria cria, uma idéia de centro, nos fazendo pensar que somos diferentes. Nossos lideres, eufóricos com a sensação de poder, começam a pensar que as pessoas vivem em função deles, devendo elas se tornar submissas a sua vontade de ferro. A política do mesmo modo que a religião caminha numa inversão constante de princípios naturais, elas não se submetem, sendo assim não servem verdadeiramente aos ideais que buscam alcançar e pelos quais foram criados.
Conscientes de sua ignorância, esses auto intitulados pensadores, intelectuais, médicos, políticos, advogados e policiais acabam por oprimir as pessoas e exploram a sociedade como um todo, unicamente para atingir seus próprios fins egoístas. Não devemos nos enganar com essas pessoas, pois elas estão do nosso lado, em nossas casas e empregos, estão sempre prontas para nos mostrar quão fracos somos por não aceitar suas verdades. Elas não se preocupam em corromper os outros, para eles somos apenas uma ferramenta para ser usada e quando não mais servir, tenha certeza, seremos jogados fora, sem nada.
Eles nos ensinam desde crianças que não podemos fazer nada, que vivemos uma utopia que há muito já foi superada e que ou nos adequamos a isso ou seremos a margem, os marginais. Por medo, muitos de nós aceitamos isso e sem saber nós esquecemos que para fazer a diferença não é preciso uma guerra, uma revolta ou uma posição anarquista. É preciso que entendamos que a revolução intelectual está nos pequenos passos, numa oportunidade que encontramos de fazer um ato nobre, mesmo que pequeno. Seja no trabalho, em casa ou na rua, são as pequenas ações que juntas iniciam o processo de mudança e não existe vitória maior a ser alcançada do que se manter consciente numa sociedade forjada pela ignorância. Devemos agir como vigilantes silenciosos da nossa própria integridade, pois são nossas ações que falarão por nós e mesmo no silêncio é possível haver diálogo, atitude e luta. O sistema é falho e por si só já nos entrega as armas que precisamos para fazer essas pequenas mudanças, vocês serão taxados de ignorantes, sonhadores ou rebeldes. Mas poderão ser livres, pelo menos em suas mentes e ainda sim deixarão para a futura geração a única arma que é realmente eficaz contra qualquer tipo de opressão, a esperança, que só se manifestará verdadeiramente quando mesmo com erros e sofrimento, ainda sentirmos vontade de tentar outra vez.
Rubem de Souza Almeida Neto.