sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Tranqüilidade.


  Querer bem a alguém não é tarefa difícil, na verdade quanto mais se gosta de alguém mais natural se torna o gostar. Desejar passar o resto da sua vida com essa pessoa já é bem diferente, não tem nada a ver com paixão, pressa ou destino, é algo mais parecido com uma serenidade. Um sentimento pacífico que lembra muito uma certeza, mas é bem mais solene, ele se contenta mais facilmente, ele entende que existem as dificuldades e todo o resto. Essa é a paz que devemos buscar, sabendo que seremos um só, mas não seremos iguais, para isso é necessário ter o conhecimento dessas diferenças que no começo podem ser simples e que depois podem se tornar impossíveis de se lidar, não sem compreensão, amor e paciência.
  A tranqüilidade que devemos buscar é a precaução que vai impedir que seja tarde de mais, tanto para o bem quanto para o mal. Não devemos achar que podemos ser como santos, mas precisamos aprender a lidar com nossos demônios e os demônios do próximo, carregando um ao outro pela estrada conturbada da vida que nos apunhala diariamente, dividindo a alegria e também as dores, dessa forma suportando as influencias caóticas e buscando no outro aquilo que nos falta para entender a nós mesmos, a vida e os seus desígnios.

Por: Rubem de Souza Almeida Neto.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Eu poderia.

Eu poderia ter seguido por qualquer caminho, mas voltei para você.
Eu poderia ter não sentido nada, mas tudo que sinto é por você.
Eu poderia ter simplesmente desistido,
E desisti, do meu orgulho.
Eu poderia ter negado, mas só consegui atrasar o inevitável.
Eu permiti que a escuridão entrasse, somente para ver você brilhar.
Eu poderia não ter ouvido você, mas você me escutou.
Eu poderia ter dado as costas,
E mesmo assim você me abraçou.
Eu poderia ter dito que não te amava.
Mas mesmo assim estaria para sempre com o seu amor.

Por: Rubem de Souza A. Neto.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Vereadores e secretários recebem o Bolsa-Família.

Principal programa social do governo, o Bolsa-Família ajudou a reeleger o então presidente Lula em 2006, foi cabo eleitoral de Dilma Rousseff no ano passado e mereceu elogios até mesmo de candidatos da oposição, que prometeram ampliá-lo se chegassem ao Planalto. Mas uma parte do dinheiro que deveria reduzir um pouco os efeitos da miséria em milhões de lares brasileiros, oito anos depois de criado o programa, ainda é desviada para beneficiar pessoas que não se encaixam no perfil exigido. A notícia é do jornal O Estado de Minas.
Em 2010, último ano do governo Lula, 1.327 funcionários públicos municipais com renda familiar per capita acima da estipulada pelo Bolsa-Família receberam o benefício, de acordo com levantamento feito pelo Estado de Minas com base nos relatórios divulgados pela Controladoria-Geral da União, em suas investigações sobre a aplicação de verbas públicas federais nos municípios. Desses, pelo menos 30 são mulheres de vereadores e 15 mulheres de secretários de prefeituras. Muitos beneficiários ainda continuaram recebendo o benefício mesmo depois das visitas dos fiscais em março, maio e julho.
Servidor público receber Bolsa-Família não é uma irregularidade ao pé da letra. Os casos apontados pela controladoria nos relatórios divulgados neste início de ano, entretanto, estão todos fora da lei, já que os funcionários têm renda familiar per capita acima de R$ 140, valor máximo para ter direito ao recurso. O problema é que o cadastro das pessoas que recebem o recurso é feito pelas prefeituras. Em um dos relatórios divulgados, a CGU questiona a concessão de benefícios irregulares a servidores municipais: “Esta (a prefeitura) tem acesso tanto à ficha financeira quanto ao cadastro dessas pessoas, o que já seria suficiente para verificar a incompatibilidade de renda per capita”. A CGU ressalta ainda que o Decreto 5.209/2004, do presidente Lula, proíbe que políticos eleitos em qualquer esfera de governo recebam recursos do Bolsa-Família.
Em Frei Inocêncio, no Vale do Rio Doce, em Minas Gerais, a controladoria flagrou a mulher do então secretário de Obras, Cyntia Rodrigues Pereira, recebendo o benefício no valor de R$ 68. Ela teve a poupança bloqueada em abril, um mês depois da visita da CGU à cidade. Seu marido, Marcelo Vieira Cabral, foi exonerado da secretaria em outubro, devido a atritos com o prefeito. Cyntia disse que já recebia o benefício antes de conhecer Marcelo. Ela assumiu que não precisava da verba, mas explicou que o dinheiro era para ajudar o irmão, de 14 anos. “Somos órfãos e meu irmão precisava desse dinheiro”, afirmou.

POSTADO ÀS 21:54 EM 13 DE Fevereiro DE 2011 - No BLOG de Jamildo - http://jc3.uol.com.br/blogs/blogjamildo/canais/noticias/2011/02/13/vereadores_e_secretarios_recebem_o_bolsafamilia_91986.php

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Contemplação do Tempo.


  Quando estamos presos numa encruzilhada de sentimentos e precisamos de paciência para entender o caminho que vamos trilhar nós costumamos olhar para trás, tentando encontrar respostas nas nossas experiências antigas. Quando olho para trás algo me diz para não entregar meu coração, algo me diz que as cicatrizes ainda estão lá e querendo ou não vai ser difícil encarar o amor. Aprendemos de várias formas que o amor vem sem avisar e que não podemos controlar as conseqüências desse sentimento, mas, pensar em você todo dia é como encontrar sentido para respirar. Às vezes é tão difícil você conseguir tirar o seu amor do peito, é tão complicado segura-lo nas mãos, pois, mesmo desejando entregar esse amor para aquela pessoa, nós ficamos paralisados, sem saber o que fazer com ele. Somos tomados por um medo que cauteriza a alma, que nos fazem parecer como tolos assustados.
  Entendo eu que forçar o outro a amá-lo é imperdoável e nada tem a ver com o amor, mas sim com uma busca frenética para conseguir algo que se deseja, sem nem ao menos compreender a nobreza de que podemos amar o suficiente para deixar aquilo que amamos ir, pois não poderia, mesmo que por amor, aprisionar o coração de quem se ama. Sei que ao tentar possuir a todo custo esse amor, verei sua beleza indo embora. Mas se eu apenas pudesse contemplar sua beleza, mesmo que a distância, você permaneceria para sempre comigo. Poderia seu amor nunca ser meu, mas eu a teria para sempre.   


Por: Rubem de Souza A. Neto

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Somos todos escravos.

  As pessoas não existem em função da sabedoria e sim o contrário. Tornou-se comum nos depararmos com indivíduos que possuem em sua mente uma idéia deturpada de conhecimento, se achando de certo modo superiores dos seus semelhantes, e esse é o principal equivoco que a falsa sabedoria cria, uma idéia de centro, nos fazendo pensar que somos diferentes.  Nossos lideres, eufóricos com a sensação de poder, começam a pensar que as pessoas vivem em função deles, devendo elas se tornar submissas a sua vontade de ferro. A política do mesmo modo que a religião caminha numa inversão constante de princípios naturais, elas não se submetem, sendo assim não servem verdadeiramente aos ideais que buscam alcançar e pelos quais foram criados.
  Conscientes de sua ignorância, esses auto intitulados pensadores, intelectuais, médicos, políticos, advogados e policiais acabam por oprimir as pessoas e exploram a sociedade como um todo, unicamente para atingir seus próprios fins egoístas. Não devemos nos enganar com essas pessoas, pois elas estão do nosso lado, em nossas casas e empregos, estão sempre prontas para nos mostrar quão fracos somos por não aceitar suas verdades. Elas não se preocupam em corromper os outros, para eles somos apenas uma ferramenta para ser usada e quando não mais servir, tenha certeza, seremos jogados fora, sem nada.
  Eles nos ensinam desde crianças que não podemos fazer nada, que vivemos uma utopia que há muito já foi superada e que ou nos adequamos a isso ou seremos a margem, os marginais. Por medo, muitos de nós aceitamos isso e sem saber nós esquecemos que para fazer a diferença não é preciso uma guerra, uma revolta ou uma posição anarquista. É preciso que entendamos que a revolução intelectual está nos pequenos passos, numa oportunidade que encontramos de fazer um ato nobre, mesmo que pequeno. Seja no trabalho, em casa ou na rua, são as pequenas ações que juntas iniciam o processo de mudança e não existe vitória maior a ser alcançada do que se manter consciente numa sociedade forjada pela ignorância. Devemos agir como vigilantes silenciosos da nossa própria integridade, pois são nossas ações que falarão por nós e mesmo no silêncio é possível haver diálogo, atitude e luta. O sistema é falho e por si só já nos entrega as armas que precisamos para fazer essas pequenas mudanças, vocês serão taxados de ignorantes, sonhadores ou rebeldes. Mas poderão ser livres, pelo menos em suas mentes e ainda sim deixarão para a futura geração a única arma que é realmente eficaz contra qualquer tipo de opressão, a esperança, que só se manifestará verdadeiramente quando mesmo com erros e sofrimento, ainda sentirmos vontade de tentar outra vez. 

Rubem de Souza Almeida Neto.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

(Trecho do conto 'Os desastres de Sofia', in "Felicidade Clandestina)

Pois logo a mim, tão cheia de garras e sonhos, coubera arrancar de seu coração a flecha farpada. De chofre explicava-se para que eu nascera com mão dura, e para que eu nascera sem nojo da dor. Para que te servem essas unhas longas? Para te arranhar de morte e para arrancar os teus espinhos mortais, responde o lobo do homem. Para que te serve essa cruel boca de fome? Para te morder e para soprar a fim de que eu não te doa demais, meu amor, já que tenho que te doer, eu sou o lobo inevitável pois a vida me foi dada. Para que te servem essas mãos que ardem e prendem? Para ficarmos de mãos dadas, pois preciso tanto, tanto, tanto - uivaram os lobos e olharam intimidados as próprias garras antes de se aconchegarem um no outro para amar e dormir.

Clarice Lispector

A dança.

 
Não te amo como se fosse rosa de sal, topázio
ou flecha de cravos que propagam o fogo:
te amo secretamente, entre a sombra e a alma.
.
Te amo como a planta que não floresce e leva
dentro de si, oculta, a luz daquelas flores,
e graças a teu amor vive escuro em meu corpo
o apertado aroma que ascender da terra.
.
Te amo sem saber como, nem quando, nem onde,
te amo directamente sem problemas nem orgulho:
assim te amo porque não sei amar de outra maneira,
.
Se não assim deste modo em que não sou nem és
tão perto que a tua mão sobre meu peito é minha
tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho.
 
Pablo Neruda.