O que eu quero não é o que há no final da estrada e sim as paisagens que deixei de contemplar por ter estado cego. Saber quais os motivos que me faziam perseguir esses desejos que me enganavam, pois nunca se tratou de pluralidade, era apenas o momento, um momento entre outros. E agora estamos percebendo que na verdade não foi nada, apenas o passar do tempo, o cair das folhas, tudo sob controle, dentro do seu ciclo de início, meio e fim.
O que vou dizer não é importante se eu não for falar do que sinto, meu instinto. Não vou colocar flores nesses sons, eles devem se fazer ouvir por eles próprios, sem maquiagens ou engodos subliminares. Estamos tão acostumados a querer medir tudo que não percebemos que nem tudo pode ser medido, sem essa bobagem de não poder ser medido por ser infinito, apenas não pode ser medido, não possui massa ou forma física para isso. Não é uma coisa que pegamos, nem é algo como a água ou o ar, é um sentimento, eles não podem ser destrinchados e colocados em uma mesa cirúrgica para que possamos analisar objetivamente.
Quem somos nós para julgarmos nossos sentimentos? Somos tão tolos nesse sentido que apenas temos um vislumbre do que vivemos naquele momento, e só depois de que passamos por aquilo é que nos atrevemos a dizer qualquer coisa sobre o momento. Nessa hora é fácil dizer que erramos, que fomos tolos, que amamos pouco ou que foi por amar muito. É fácil apontar os demônios em nossas janelas, o difícil é enxergar de onde eles vieram e que podem ser projeções do que somos na realidade. Até entender a pequena diferença que temos entre uns e outros, nós continuaremos a apontar nossos dedos por vingança e a levantar as mãos pros céus por medo.
Por: Rubem de Souza A. Neto