sábado, 27 de novembro de 2010

Selvagem.

Crom, jamais te rezei, não sirvo para isso. Ninguém, nem sequer tu
recordarás se fomos homens bons ou maus, por que lutamos ou por que morremos. A única coisa que importa é que hoje dois enfrentam a muitos. Crom o valor agrada-te, concede-me pois um pedido, concede-me a
vingança. E se não me escutas….vai ao inferno!

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Um senhor tão bonito.

  Esconderam em mim a minha outra metade incógnita, quero você inteira e minha metade de volta. Sucumbindo ao escuro vazio o lamento não passa de um suspiro rouco e gélido, um anseio que não vê o futuro próximo e que apenas acredita, espera mais da fé que tarda em chegar. Sei que para seguir em frente devo esquecer tudo que aprendi, dessa forma, aprendendo de novo e de novo eu reciclo meu espírito. Submeto minha vontade ao senhor do tudo e do nada, o tempo que soberano em sua vontade permite que tudo se crie e se extinga, mesmo que isso nunca tenha existido. Fosse em mim ou em você, apenas a necessidade suporta o acreditar e o criar, sendo imaginado na mente ou no coração, não importado se é verdade ou mentira, sim ou não.

Por: Rubem de Souza Almeida Neto.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

All´ ombra di una colt.

Ho voglia di sentire fra Le dita
Il legno caldo di un aratro
Le spighe pungenti del grano
I capelli morbidi della mia donna
Ma non posso, perchè devo uccidere.

Ho voglia di guardare negli occhi La gente
Di vederla sorridere
Stringere La mano a tutti
E di sentirmela stringere
Ma non posso, perchè devo uccidere.

Le colline del sud mi aspettano
Vicino degli alberi, piangono
La primavera ritorna
Non hò tempo per morire.

In queste cose il senso del vero
È da parlare ma la voce mi vieno in meno.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Medo.

  O que eu quero não é o que há no final da estrada e sim as paisagens que deixei de contemplar por ter estado cego. Saber quais os motivos que me faziam perseguir esses desejos que me enganavam, pois nunca se tratou de pluralidade, era apenas o momento, um momento entre outros. E agora estamos percebendo que na verdade não foi nada, apenas o passar do tempo, o cair das folhas, tudo sob controle, dentro do seu ciclo de início, meio e fim.
  O que vou dizer não é importante se eu não for falar do que sinto, meu instinto. Não vou colocar flores nesses sons, eles devem se fazer ouvir por eles próprios, sem maquiagens ou engodos subliminares. Estamos tão acostumados a querer medir tudo que não percebemos que nem tudo pode ser medido, sem essa bobagem de não poder ser medido por ser infinito, apenas não pode ser medido, não possui massa ou forma física para isso. Não é uma coisa que pegamos, nem é algo como a água ou o ar, é um sentimento, eles não podem ser destrinchados e colocados em uma mesa cirúrgica para que possamos analisar objetivamente.
  Quem somos nós para julgarmos nossos sentimentos? Somos tão tolos nesse sentido que apenas temos um vislumbre do que vivemos naquele momento, e só depois de que passamos por aquilo é que nos atrevemos a dizer qualquer coisa sobre o momento. Nessa hora é fácil dizer que erramos, que fomos tolos, que amamos pouco ou que foi por amar muito. É fácil apontar os demônios em nossas janelas, o difícil é enxergar de onde eles vieram e que podem ser projeções do que somos na realidade. Até entender a pequena diferença que temos entre uns e outros, nós continuaremos a apontar nossos dedos por vingança e a levantar as mãos pros céus por medo.

Por: Rubem de Souza A. Neto

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

O avô e os lobos.

Um velho avô disse a seu neto, que veio a ele com raiva de um amigo que lhe havia feito uma injustiça:

"Deixe-me contar-lhe uma historia. Eu mesmo, algumas vezes, senti grande ódio daqueles que 'aprontaram' tanto, sem qualquer arrependimento daquilo que fizeram. Todavia, o ódio corrói você, mas não fere seu inimigo. É o mesmo que tomar veneno, desejando que seu inimigo morra. Lutei muitas vezes contra estes sentimentos".

E ele continuou:

"É como se existissem dois lobos dentro de mim. Um deles é bom e não magoa. Ele vive em harmonia com todos ao redor dele e não se ofende quando não se teve intenção de ofender. Ele só lutará quando for certo fazer isto, e da maneira correta."

"Mas, o outro lobo, ah!, este é cheio de raiva. Mesmo as pequeninas coisas o lançam num ataque de ira! Ele briga com todos, o tempo todo, sem qualquer motivo. Ele não pode pensar porque sua raiva e seu ódio são muito grandes. É uma raiva inútil, pois sua raiva não irá mudar coisa alguma!

"Algumas vezes é difícil conviver com estes dois lobos dentro de mim, pois ambos tentam dominar meu espírito".

O garoto olhou intensamente nos olhos de seu avô e perguntou:

"E qual deles vence, vovô?"

O avô sorriu e respondeu baixinho:

"Aquele que eu alimento mais frequentemente".

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

A Caçada.

  A criatura queria se perpetuar nos teus sonhos mais obscuros, das lembranças mais intimas que você insiste em guardar nas noites quando chegas em casa farta e cheia de cansaço. O caçador desejava ser a tentação mais inocente, desenhando em teu corpo as curvas de uma serpente. Queria apenas ficar no teu peito feito sangue quente, que te respinga lento e ungido nas dores de um passado distante, manchando tua pele que exaustivamente reluta em aceitar o amargor dos teus lábios, que banhados em café tentam sentir o sibilar das línguas. Numa dança frenética o teu corpo salta sob o dele, sentindo os músculos contraídos e pesados, atordoados dançam uma última canção, que forjada pela decepção e a ilusão te faz acreditar que não é o mal que te aborda, assim tu se lembra das chances que perdeu, e das pessoas que já fizeste chorar. 
  Segurando tuas lágrimas você sente por dentro a dor de um amor, vendo assim o valor que tem esses sentimentos, você se cansa de cometer os mesmos erros, fazendo de conta que tudo tem seu motivo e horas exatas, você deixa seus pensamentos nublarem a verdadeira face bestial que te contempla.  Guiada pelo caos e uma melodia triste você teimou em insistir na fé que a lua provocava em teu espírito, sem saber que provocada e silenciosa a caçada da noite já estava no fim.
  Lutando como luta uma fera que desolada e emboscada sente nos pelos o arrepiar de uma estocada. A calmaria dá lugar ao descontrole, e o olhar fúnebre indica os sentidos murcharem, com relutância tu desprende um murmúrio gélido e cortante que se desenvolve ao som da brisa matutina. Tuas mãos sedentas pelo calor tocam a terra já inundada pelo brado vermelho que derrama teu corpo, você parece valsar em direção ao primeiro raio solar. Esta luz ínfima e tímida parece se esforçar para tocar a folhagem do solo, desviando seu raio por entre as arvores escuras e retorcidas daquele bosque, a luz parecia propositadamente iluminar justamente o local da queda.  Teu rosto é embranquecido pela luta violenta. Sedento pela vida que existe ali o teu amado que agora mais parecia uma grande sombra, se curva perante o teu corpo já sem vida e onde antes havia patas e garras, agora existem duas mãos erguidas que se unem no desenrolar de uma breve oração.

Por: Rubem de Souza A. Neto

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Raios e Trovões.

  Quando o tempo que temos é pouco, isso é um sinal de que devemos deixar correr. Algumas vezes estamos ocupados demais para perceber o quanto é simples se viver, mas insistimos em continuar descrentes sobre como as coisas podem realmente ser como são. Gastamos muito tempo cogitando sobre o futuro, muitas vezes ficamos angustiados sobre coisas que sequer aconteceram, paramos de viver o presente em função do medo de errar, ou de estarmos certos sobre alguma coisa.
  É preciso deixar ir, é preciso se desprender do passado que nos acorrenta e insiste em bater nossa porta cada vez que desfrutamos um cheiro, uma memória, um som ou lugar. A verdade é que gostamos das coisas do nosso modo, arriscar é complicado demais para aceitar livremente, tentamos manter tudo como sempre foi achando que dessa forma estamos mantendo o controle e desse modo não vamos sofrer. É assim que corre o tempo de nossas vidas. Nossas mentes estão ocupadas demais para perceber o relâmpago, dessa forma sempre acabamos assustados diante do estrondo impiedoso do trovão, o tardio trovão.

Por: Rubem de Souza A. Neto

Modern cars - they all look like electric shavers.

  Se deixar tocar pela sua música favorita, enquanto olhares se insinuam numa dança discreta e quase que imperceptível ao publico que silencioso observa a canção. É preciso ter um cuidado extra, pois sabemos que podemos estar no mesmo lugar, na mesma situação, mas os nossos corações sofreram num passado não muito distante, então é bom não forçar demais. Nós sabemos e eles sabem que os dados foram lançados na nossa mesa é um pouco mais de bebida para soltar as palavras que antes hesitávamos em discorrer. Estamos sendo fracos, talvez até covardes, mas ambos sabemos que é mais forte do que nós para deixar ir de qualquer maneira, não podemos deixar isso ir agora, o único problema para nós é acreditar.
  
  Sabemos que amanhã estaremos com nossas obrigações, focados em nosso trabalho, nossa vida diária. Mas sabemos que iremos nos encontrar novamente, no mesmo lugar, na mesma mesa, mesmo bar. Por isso que continuo em frente, é muito cedo para me preocupar, talvez muito pouco para apostar. Vou segurar minhas cartas, algumas delas vou pôr na manga, para outra ocasião e vou aceitar que tudo que estamos vivendo é um momento destinado a mágica, não a obrigação. Pois o som que eu escuto ao amanhecer é um blues, é o som da nossa canção, um bater de coração. 

Por: Rubem de Souza A. Neto