sexta-feira, 29 de outubro de 2010

O Lobo e a Flor.




Caminhando pelas trilhas costumeiras,
ao chegar ao topo de uma montanha,
um lobo, já descrente de sua vida,
se deparou com uma misteriosa flor,
que estranhamente lhe chamou a atenção!
Tomado de uma súbita curiosidade,
se aproximou e sentiu um aroma mágico
invadindo primeiro o pensamento
e depois, suas narinas...
Tomado por um torpor inexplicável,
foi se aproximando aos poucos.
Quando percebeu, estava a um passo de lhe dar um beijo!
Recuou, temeroso dessa estranha sensação!
Mas, o coração e alma falaram mais alto.
Delicada e suavemente, tocou-a com suas patas
e num gesto inesperado,
aproximou sua boca num beijo sutil
porém apaixonado!
O dia que estava claro, inesperadamente se fez noite...
e deu lugar à uma noite de luar,
clara como nunca havia visto!
A lua se fez rainha no firmamento,
coroada pelas estrelas que brilhavam ao seu redor.
Quase não acreditando no que estava acontecendo,
pensando estar louco ou alucinado, estremeceu...
Abriu e fechou os olhos, várias vezes,
para realmente acreditar no que via!
Aquela linda e rara flor,
havia se transformado numa mulher...
Estendo as mãos em direção à cabeça do lobo,
ela suavemente o acariciou...
Levando-o, nesse instante, ao mundo mágico dos sonhos...
Ele, por sua vez, encantado e agradecido,
fez soar um uivo, como jamais havia sido dado ou ouvido,
por todo o planeta!
Foi o grito de um guerreiro que estava adormecido,
há séculos esquecido 
e se fez ecoar pelos quatro cantos...
O céu se tornou muito mais iluminado,
as estrelas se uniam em grupos,
formando uma claridade jamais vista.
A lua, por sua vez, foi se tornando mais resplandecente,
com um brilho que ofuscava, 
a quem a olhasse mais atentamente.
Ele sabia que o momento era chegado...
Sua vida não havia sido em vão...
A busca havia terminado...
Num ultimo gesto, 
pensado que seu tempo havia terminado,
fitou aquela linda mulher a seu lado
e humildemente, tocou suas mãos com os lábios,
numa cerimônia simples, de agradecimento e adeus!
Inesperadamente, ela levantou a face do lobo,
olhou profundamente dentro de seus olhos,
e ao perceber um lágrima rolando,
o beijou suavemente; 
mas um beijo diferente,
um beijo de alma e coração...
Há muito sonhado, esperado, mas não esquecido!
Nesse instante, por todo universo se fez ouvir um trovão!
A terra toda estremeceu,
as estrelas se uniram, temerosas do que viria a seguir...
A lua foi encoberta por uma nuvem escura,
mergulhando o firmamento na mais negra escuridão!
Como querendo ocultar, a lágrima escondida!
A impressão que se obteve,
foi que naquele instante, o tempo parou!
E... ele acreditava que estava para dar,
o que julgava ser, seu último suspiro...
Que a sua missão havia terminado...
Um torpor tomou conta desse ser, 
meio animal, meio mágico...
Sentindo as forças acabarem,
olhou para a mulher ao seu lado,
como se fosse a última vez, 
e seus olhos foram se enevoando...
Parecia flutuar, estava leve, estranhamente leve...
Quando se deu conta... Abriu os olhos...
Um lindo olhar o fitava, na mesma intensidade...
Era ela... A sua frente...
Pensou estar sonhando...
Mas... Não!
Era uma realidade palpável...
Os deuses haviam permitido
que, mais uma vez, eles se encontrassem...
Um terno abraço tomou conta desses dois corpos,
fundindo assim um amor que ultrapassava
os limites da eternidade e da razão!
Ele havia se transformado num homem,
o animal lobo ressurgira no guerreiro esquecido,
num ser agora racional e sensível;
transformado pelo toque do amor,
traduzido pelo beijo numa flor,
que sempre o acompanhou desde eternidade.
Corpos e corações se uniram, nesse instante...
A lua foi se descortinando inexplicavelmente...
As estrelas irradiavam sua luz,
iluminando mais ainda a noite!
Eles se deram as mãos,
e caminharam em direção ao amanhã...
Que seria o único caminho que poderiam percorrer...
Mas... Desta vez... Juntos...
Num amor que superou o tempo e o espaço...
Na esperança guardada, 
dentro de dois corações,
por tantos séculos,
de que um dia, 
estariam juntos...
Novamente...

http://refugiodossonhos.bravehost.com/lendaflor/lendaflor.htm

TEXTO TIRADO DA INTERNET.
 

Mente sobre a Matéria.

  Libertar a mente da prisão material que nos sujeitamos nos caminhos mundanos não é tarefa fácil, na verdade é uma luta árdua e diária, uma das provações que mais provoca aflição aos estudantes marciais. É comum nos dias de hoje nos sentirmos fracos e incapazes diante de novos obstáculos, estamos com a mente tão centrada ao óbvio que quando nos deparamos com uma nova tarefa simplesmente nos sentimos incapazes, perdidos. Nós inconscientemente nos acostumamos, limitamos o nosso pensar, sem nunca querer ir um pouco mais além, o medo de errar ainda assusta e preocupa. É preciso libertar a mente de todos esses pensamentos e deixá-la vazia, preparada para receber as energias do universo, dessa forma conseguimos atingir o nível de desapego necessário para desenvolver nossas habilidades tanto marciais quanto as sociais.
  A maior das lutas já iniciou se quando demos os nossos primeiros passos, quando começamos a desejar e percebemos que nem tudo que queríamos nos seria dado, não sem dedicação e merecimento. Perseverar sobre sua própria mente e espírito é deixar ir aquilo que nos limita e enfraquece, essas poeiras em nós devem ser removidas de forma paciente e bem resolvida para que não retornem na forma de frustração, ódio ou medo. Humildade e sabedoria devem caminhar juntas nas etapas de aprendizado, assim, acredito eu que nossa mente estará pronta para fazer inconscientemente o que outros fariam conscientes e em esforço desnecessário.

Por: Rubem de Souza A. Neto

O Arqueiro.


"Diz uma lenda japonesa que um grande mestre arqueiro treinou seu discípulo até a perfeição na arte e então lhe disse:

- Agora se esqueça de tudo que sabe sobre isto!

Durante vinte anos o discípulo ia ao mestre e este nada dizia. Ele precisou esperar pacientemente. Aos poucos, ele foi esquecendo tudo o que sabia sobre arcos e flechas.

Então, um dia, ao entrar na sala do mestre ele viu um arco e não o reconheceu. O mestre foi até ele e o abraçou, dizendo:

- Agora você se tornou o arqueiro perfeito. Você se esqueceu  até mesmo do arco. Agora vá lá fora e olhe os pássaros voando e, apenas com a idéia de que eles deveriam cair, eles cairão.

O arqueiro saiu e do lado de fora ele olhou alguns pássaros voando e eles caíram imediatamente no chão. Ele ficou perplexo e não podia acreditar.

Então o mestre lhe disse:

- Agora não há mais nada a ser feito. Eu estava apenas lhe mostrando que, quando a pessoa se esquece da técnica, só então ela se torna perfeita. Agora o arco e a flecha não são mais necessários. Eles são necessários apenas para os amadores."

Ao aprender, você conhece o mundo. Ao desaprender, conhece a si mesmo. Ao aprender, você acumula conhecimento. Ao desaprender, torna-se sábio. Ao aprender, você armazena. Ao desaprender, fica despido, vazio.

Primeiro você tem que se disciplinar, estudar, aprender. Depois, você tem que desaprender, e isso é difícil, mas ao mesmo tempo é fundamental. Se não fizer assim você será apenas um técnico, e não um Grande Artista!

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

The Drean Hunter.

  Dizem que tudo fica melhor quando sentimos coisas parecidas, quando vemos as mesmas sombras rabiscadas na noite. Quando encontramos alguém para culpar, mas parece que eu te desapontei, você sentiu o gosto amargo da dor e isso te fez pensar, mas não acho que vai te fazer mudar. É bom saber que não preciso que você acredite em mim, nem que me ajude a acreditar em suas mentiras, pois eu nunca fui um crente das suas palavras.  E agora, página virada, sentimentos a parte, em parte, apenas fragmentos. Eu tentei fechar os olhos, não dá pra imaginar quando essas coisas vão acontecer novamente com a gente, mais horas e horas no telefone, querendo saber, conhecer a voz do outro lado, descobrir, encontrar pedaços de mim em outros sonhos, outra cabeça. Eu reluto em acreditar que podem ser os sinais que tanto procurei, na realidade essas coisas sempre arrumam um jeito de acontecer e de uma forma ou de outra acabamos entendendo seu objetivo.
  Fico me perguntando se é cedo, ou se é mesmo o que poderia ser...Fico assim por muito tempo, pensando. Mas acho que no fim é comum sentir isso, não é tão difícil quanto é a sensação de nos forçarmos a acreditar que não se pode encontrar alguém parecido conosco, lógico que não poderia ser igual, seria loucura pensar assim. Só não entendo como podemos ficar cegos diante da realidade que breves momentos de ilusão podem nos mostrar, tocando exatamente nos sentidos certos, expondo as fraquezas e o desejo de encontrar a outra metade de nós, que vaga solta no universo infinito. Queria ser como a pedra, mas não rolar, queria controlar o destino e forçar sua mão, mas não posso. Faz parte de nossa jornada viver esses momentos e decidir se serão realmente mágicos ou apenas mais um show de ilusionistas, afinal é mais importante vivenciar a mágica ou descobrir o que está por trás do truque?

Por: Rubem de Souza A. Neto

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Wing Chun Kuen

É uma arte marcial chinesa, dentre as centenas de expressões daquilo que no ocidente é chamado popularmente de Kung Fu. Segundo a tradição oral de nosso Clã, suas origens remontam Siu Lam Jee, o famoso templo budista de Shaolin, conhecido por seus monges lutadores e por ter sido o berço da filosofia Chan (Zen, em japonês).

Após a destruição do templo pelo imperador da dinastia Ching, por volta de 1734, a arte passou a ser ensinada de modo sub-reptício pelos monges sobreviventes, indo parar numa trupe de atores de Ópera cantonesa chamada Kin Fah Wui Guon (A Sociedade da Preciosa Flor de Jade), cujo objetivo,  além dos feitos artísticos, era o de disseminar o ideal de restauração da dinastia Ming, por meio da revolução armada. Após a dissolução do grupo, supostamente envolvido em uma rebelião, a arte foi reflorescer na cidade da Montanha de Buddha, Futsan na segunda metade do séc. XIX.

Por volta de 1949, o honorável Ancestral Yip Man estabeleceu-se em Hong Kong. Dentre seus principais discípulos, um ator chamado Bruce Lee tornou-se um astro do cinema de ação internacional, no começo dos anos setenta, fato decisivo para que o Wing Chun se popularizasse, sendo hoje umas das artes marciais chinesas mais praticadas do mundo.

O Applied* Wing Chun é um sistema de luta cujo foco principal está nos combates curtos e intensos, nos quais o praticante responderá potencialmente a diferentes agentes agressores em situação de desvantagem, ou seja, o combate em ambiente NÃO-CONTROLADO.

Para isso, o praticante se vale duma estratégia que utiliza um amplo leque de ações defensivas composto da combinação criativa de movimentos simples e contra-ataques explosivos e diretos, socos, cotoveladas, golpes de palma e uma grande variedade de “low kicks”, que são uma marca registrada de nossa ramificação.

Contudo, a mera menção ao termo “defesa pessoal”, não completa o sentido da arte, por seu alto conteúdo filosófico e por ser, embora com algumas limitações, adaptável ao combate esportivo, hábito que os praticantes de nosso clã usam pra cultivar o espírito guerreiro, sem, entretanto, dar lugar ao discurso falso sobre uma suposta superioridade de nosso sistema frente a outras lutas, que infelizmente tem sido seu principal meio de divulgação por pessoas inescrupulosas e ineptas. Wing Chun é só uma arte marcial, nem melhor tampouco pior que qualquer outra. O Wing Chun praticado de sua forma tradicional é algo difícil de ser ensinado, por isso é uma escola de pouco apelo popular, preferida em geral por policiais, seguranças, profissionais liberais e pessoas de perfil intelectualizado de diferentes classes sociais.

*Denominação utilizada para propagação internacional do nosso legado marcial desde 2002, escolhida por Sifu Duncan Leung, cuja tradução é “Wing Chun Aplicado”

Matérial sedido gentilmente pelo meu Sifu Manoel Ramos.

Conduta Marcial



Hierarquia Marcial 

Os princípios hierárquicos representam a base que assegura a perpetuação do kung fu através dos tempos. Sem tais princípios esta arte marcial chinesa seria um amontoado de socos e pontapés com a finalidade somente de desordem social. É graças á hierarquia de cada ‘família-kung fu’ que a arte é tida desde os tempos mais remotos como instrumento de moldação do caráter humano, garantindo assim, exemplos de moralidade e retidão espiritual.
A hierarquia dentro do kung fu é semelhante àquela usada pelos povos antigos, onde o pai exercia o papel de líder, cabeça responsável pelo sustento e educação (disciplina) dos seus filhos e esposa, o que não deixa de ser uma maneira peculiar de governar. Caso o pai se ausentasse, caberia ao mais velho (esposa ou filho mais velho) proteger e zelar pela ordem da casa. Com a morte do pai, cabia ao filho mais velho defender os mais novos até que cada um adquirisse estrutura suficiente para resolver seus próprios problemas, constituir uma família etc.
Sem hierarquia não haverá respeito, sem respeito não haverá disciplina; sem disciplina não haverá ordem, sem ordem não haverá equilíbrio. Sem equilíbrio não haverá vida (continuidade). Por este ângulo, percebe-se a importância da hierarquia na perpetuação de uma ‘família kung fu’, onde o mestre (sifu) é o responsável pela veiculação de um estilo. O sifu é a autoridade máxima dentro de uma família-kung fu, seguido pelos seus alunos e discípulos.
De acordo com a tradição, o Aluno Novato deve obediência ao Aluno Mais Velho, que deve obediência ao Grande Aluno Mais Velho, que deve obediência ao ‘Aluno Discípulo’, que deve obediência ao seu Sifu (mestre-pai).
A hierarquia deve ser alimentada para que a arte não perca sua essência. Os bons hábitos devem de início, ser uma obrigação para que com o tempo se tornem naturais. O aluno mais velho deve servir de exemplo aos mais novos que, mais tarde, servirão de espelho aos recém chegados. Como diz o dito popular, o hábito faz o monge.
O bom aluno (de boa conduta, disciplinado e esforçado) tem mais chance de ser um bom professor. Enquanto que um aluno indisciplinado, de péssima conduta tem mais chance de ser um professor problemático, irresponsável.
É de cedo, enquanto o bambu ainda é jovem que deve se moldá-lo ao modo correto, na forma desejada. É de cedo, quando ainda jovem que o aluno praticante deve experimentar o caminho da retidão, da boa conduta; educado nos princípios filosóficos da arte marcial escolhida.

Fonte: /www.deterrawingchun.com/wingchun.html

domingo, 24 de outubro de 2010

Ensinamentos.

Buda desenvolveu muitos métodos tácticos para levar as pessoas a abandonarem os apegos das suas mentes discriminadas (que ele via como a fonte dos problemas). Explicou por que agia desta forma, através da parábola da casa em chamas:
Numa cidade de um determinado país, havia um grande ancião, cuja casa era enorme, mas só tinha uma porta estreita. Esta casa estava muito estragada e um dia, de repente, irrompeu um grande incêndio que rapidamente começou a se alastrar. Dentro da casa estavam muitas crianças, e o ancião começou a implorar para que saíssem. Mas todas estavam absortas nas suas brincadeiras
e, embora tudo levasse a crer que iriam morrer queimadas, elas não prestaram a menor atenção ao que o ancião dizia e não mostravam pressa de sair.
O ancião pensou um momento. Como era muito forte, poderia colocar todas dentro de um caixote e tirá-las rapidamente. Mas, depois, viu que, se o fizesse, algumas poderiam cair e se queimar. Por isso, resolveu alertá-las sobre os horrores do incêndio, para que saíssem por sua livre e espontânea vontade.
Aos gritos, pediu que fugissem imediatamente, porém as crianças deram uma olhada e não tomaram conhecimento.
O grande ancião lembrou-se que todas as crianças queriam carroças de brinquedo e, assim, chamou-as dizendo que viessem depressa ver as carroças de bodes, veados e bois que tinham chegado.
Ao ouvirem isto, as crianças finalmente prestaram atenção e caíram umas sobre as outras, na ânsia de saírem, fugindo, desta maneira, da casa em chamas. O ancião ficou aliviado por terem escapado ilesas do perigo, e, quando elas começaram a perguntar pelas carroças, deu a cada uma não aquelas simples que elas queriam, porém carroças magnificamente decoradas com objectos preciosos, puxadas por grandes novilhos brancos.
O simbolismo desta estória talvez esteja bastante óbvio. O ancião é Buda, a casa em chamas é a natureza da existência que Buda chamou de ‘Duka’ (isto é, incapaz de dar uma satisfação duradoura, porque, em todos os aspectos, é inconsistente e transitória). As crianças são a humanidade e suas brincadeiras representam as diversões mundanas com as quais estamos tão ocupados que, muito embora estejamos vagamente conscientes da vida e do verdadeiro Self, não prestamos atenção para isto. As carroças de bode, veado e boi são os métodos de ensino temporários, na realidade o ‘chamariz’ através do qual Buda pode nos fazer escutar e começar a praticar o Dharma, e as carroças magníficas, puxadas por grandes novilhos brancos, representam a própria Iluminação, para a qual Buda só nos conduzirá se tiver nossa cooperação e entrega.

Balance.

Um problema comum entre os iniciantes nas artes marciais é a concentração. Conseguir limpar a mente dos pensamentos que atrapalham uma boa aplicação da técnica é muito difícil de início e tende a interferir em todo aprendizado. Para conseguirmos entender melhor os conceitos necessários para desenvolver algumas habilidades que desenvolvam a nossa concentração eu vou entrar em alguns aspectos que apesar de não dominar muito, posso arriscar algumas palavras. Nas culturas orientais, ao contrário das do ocidente que são mais divulgadas é comum a união fundamental do corpo e da mente, assim como no conceito de equilíbrio do yin e yang, espírito e matéria ou macho e fêmea, que participam da dança universal de todas as coisas.  No oriente a sabedoria tem pouco valor se não for ao mesmo tempo um fenômeno sensorial e mental que participa diretamente no desenvolvimento espiritual e intelectual de cada individuo, assim como sua saúde do corpo em equilíbrio, em algumas meditações básicas o praticante se concentra nas sensações corporais primárias.
  Hoje em dia sabemos que para a prática correta das artes marciais é preciso que o indivíduo se dedique não só nos aspectos físicos, mas sim na inicialização da cura mental das feridas encontradas em nossa psique. Com o respaldo de descobertas cientificas sobre a dualidade do cérebro humano podemos nos aprofundar nesses conceitos e entender melhor o nosso funcionamento, observando que a parte direito e a esquerda do cérebro tem funções distintas: O hemisfério esquerdo do cérebro controla o aspecto conceitual, racional e verbal, enquanto o hemisfério direito controla a dimensão intuitiva, artística e não verbal. Isso comprova a importância da aplicação de outros conhecimentos nas artes marciais que ajudam a entender a dualidade de nossa própria natureza. Sabendo disso é necessário o estimulo de dois pontos vitais para o desenvolvimento e equilíbrio de nossas energias, o ponto da cabeça e do ventre.  A maioria de nós durante a prática de artes marciais começa a perceber que em nossa cultura é comum valorizar uma parte dessa dualidade, enquanto a outra parte fica subvalorizada. Ao menosprezar a parte do ventre, por considerarmos incapaz e insignificante estamos criando um desequilíbrio perigoso, assim como quando nós privamos o princípio da cabeça de seu complemento natural, este se torna rígido, violento, espiritualmente vazio, inseguro e estável. Essa privação que a mente sofre é refletida na forma de tensões, neuroses e muitos outros males.
  A contraparte disso é quando subvalorizamos o princípio do ventre, que reprimido tenta continuamente retomar o equilíbrio harmonioso,e ao encontrar resistência se distorce, perdendo seu caráter natural. Essa distorção se manifesta muitas vezes com a dureza e o peso do individuo, que se torna incapaz de se movimentar com leveza e fluidez o que muitas vezes leva ao descontrole se manifestando com emoções e sensações negativas. A primeira vista pode parecer que se trata apenas de um conflito entre extremos que ao terem sua autoridade abalada pelo oposto se sentem ameaçados. A eterna guerra entre a razão e a emoção não deve ser entendida unicamente como um conflito natural, para nós praticantes é importante entender que buscamos a verdade, essa verdade está localizada num centro, num equilíbrio e por mais tentador que seja acreditar mais em determinado aspecto do que outro é de extrema importância que encontremos o balanço de tudo, procurando a integração das duas partes. A neurofisiologia tem descoberto que, apesar das partes esquerda e direita do cérebro terem funções especificas, nas atividades normais ambas intervêm ativamente, observando também que à medida que nós aumentamos a nossa atividade cerebral (seja através da meditação ou psicoterapia) os eletro encefalogramas, ou seja, as representações das ondas cerebrais, vão tornando-se mais simétricas e os dois hemisférios acabam tendo a mesma estrutura harmoniosa e limpa. Dessa forma eu quis tentar introduzir a idéia de equilíbrio através da concentração, da limpeza de nossa mente e espírito para o aprimoramento da energia equilibrada e mais pura, que muitos acham se tratar de um novo tipo de energia que surge ao se atingir esse equilíbrio, como conheço pouco do assunto não vou me arriscar muito sobre esse terceiro ponto que seria focado no coração, mas deixo a porta aberta para que possamos discutir o assunto e trocar conhecimentos com relação não só a esse tema, mas como qualquer coisa ligada que possa contribuir de forma positiva ao nosso entendimento.   

Por: Rubem de Souza A. Neto

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

É preciso acreditar.

  Quando percebemos que alguns aspectos que agregamos inconscientemente em nossas vidas não são tão importantes como achávamos, algumas coisas começam a fazer mais sentido do que outras, dando espaço para uma nova forma de enxergar o nosso universo. Por muito tempo caminhamos sozinhos pelo vale das sombras, sem sequer perceber que caminhamos em círculos, buscamos atalhos para lugares que sequer existem e acabamos por nos perder ainda mais. Tentamos nos fazer acreditar que essas coisas são comuns, são coisas que acontecem na vida de todo mundo. É normal na sociedade, são coisas que acontecem para nos deixar mais fortes, mais “espertos”. Mas, de repente encontramos o amor em alguma esquina dessas, percebemos como existe muito mais a aprender com isso, e por sua vez enxergamos o quanto à vida que aceitamos nos é cruel, mas não comum, não como deveria ser.
  Quando percebemos o valor que existe na simplicidade de estar vivo, na respiração e no que sonhamos, de certa forma nos conquistamos o inimigo. Descobrimos que o amor chega para qualquer um, independente de qualquer coisa, o amor cruza todas as linhas e supera qualquer limitação. Não devemos sujeitar nossas crenças e expectativas em favor de um mundo forjado pelo egoísmo e a guerra, não devemos submeter nossa fé por acharmos que somos fracos, pequenos ou poucos. A luta pela conquista do bem é diária e cansativa, não podemos perder nunca a esperança de enfrentar a inveja e o egoísmo, pois o escudo da fé é forjado pelos golpes dos descrentes. É isso que nos diferencia, nos torna mais fortes, mais experientes, mais amáveis conosco, com as pessoas a nossa volta e o nosso mundo.

Por: Rubem de Souza A. Neto

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Charlatões.

No final dos anos 60 e início dos 70, quando Bruce Lee apareceu pela primeira vez nos filmes de Artes Marciais, sua reputação cresceu rapidamente, proporcionalmente aos seus expressivos socos e chutes. Pessoas do mundo inteiro começaram a conhecer o Kung Fu. O kung Fu tornou-se moda, e muitas pessoas iniciaram as suas buscas por academias, matriculando-se em qualquer escola que encontravam. Mas, o kung Fu continuava a ser um mistério, e essas pessoas não podiam reconhecer nele uma arte genuína. Desta forma, alguns charlatões, sem verdadeira qualificação, começaram a ensinar “kung Fu” visando ganhar dinheiro. Alguns deles, que tiveram uma base em artes marciais japonesas ou coreanas, e talvez uma pequena experiência em algum estilo chinês, modificaram os seus estilos ou os nomes dos mesmos, denominando-se “Faixas Pretas” ou “Faixas Vermelhas” em kung Fu. No entanto, kung Fu não requer originalmente sistema de faixas que diferencie o grau de praticante. O sistema de faixas coloridas foi desenvolvido mais recentemente por razão de classificação (e em alguns casos, por razões comerciais), e não necessariamente identifica o grau do praticante. Tradicionalmente, verdadeiros “Mestres” ou “Grão-Mestres” nunca devem se apresentar como tal, expressando ou escrevendo tais títulos. Humildade e esforço são essenciais para melhorar o sentido de um verdadeiro artista marcial, o qual deve reconhecer que sempre tem mais a aprender e aperfeiçoar em seus estudos e pesquisas. Além disso, se o próprio professor ainda estivesse vivo, seria
considerado vaidade e desrespeito á auto-intitulação como “Mestres” ou “Grão-Mestres”. Alguns indivíduos inventaram novas formas, e declararam que estas eram antigas e secretas, e disseram que eram as únicas pessoas a ensiná-las no mundo. Outros tentaram dizer aos seus alunos que conheciam algumas formas secretas, que seriam passadas somente para discípulos “Closed Door”. Eles cobravam taxas exorbitantes para que os alunos aprendessem tais formas. Embora o termo “Closed Door” tenha existido há séculos, nunca se sustentou uma relação de rápido retorno financeiro. Na verdade, consistia em passar a arte para
os alunos mais devotados. Recentemente, em alguns casos, alguns professores raspam as cabeças e se declaram monges Shaolin, nascidos e educados no Templo. No entanto, estes “monges de papel”, na verdade, têm famílias esperando por eles na China para sustentá-las. Outros ainda, com pequena experiência, declaram ser descendentes diretos do fundador da arte somente para vender “credibilidade”, em séries para vídeos ou livros.

Origem do Kung Fu

  A origem do Kung Fu, como o conhecemos hoje, está relacionada, de um lado, ao
militarismo do povo chinês, e de outro, a vinda de Bodhidharma da Índia para a
China. Quanto ao militarismo, ou ao espírito guerreiro do povo chinês, as
explicações são controvertidas. Alguns atribuem este "espírito guerreiro do povo
chinês", primeiro a grande extensão do território, que dificultava a proteção das
fronteiras, segundo as invasões estrangeiras que obrigavam os imperadores a
manterem grandes exércitos, terceiro as guerras internas entre os "senhores
feudais" e os imperadores. Não nos parece que um povo se restrinja aos
governantes com seus exércitos; de modo que não parece correta a proposição
que atribui a origem do kung fu ao militarismo do povo chinês. Há ainda outro
fator: a miséria e a superpopulação. A maioria não tendo nada, matava por um
prato de comida, e o restante era obrigado a defender o pouco que possuía com a
própria vida. O argumento é que este estado de miséria gerou um interesse
natural do povo pelas artes marciais. De um lado, a necessidade dos imperadores
de manterem grandes exércitos, de outro, o interesse do povo pelas artes
marciais, gerado pela necessidade de garantir a sobrevivência. A necessidade de
defender o território e pouca preocupação com a vida, de um lado e, de outro, a
necessidade de sobreviver e nenhuma preocupação com território.
  Um fato histórico onde se pode verificar uma certa manifestação do espírito
guerreiro do povo chinês, foi a revolução dos boxers, onde a população e certas
lideranças políticas estiveram unidas contra os desmandos do governo envolvido
em corrupção e tráfico de ópio. No entanto, os boxers insuflam o povo à revolta,
apelando muito mais para um espírito nacionalista do que para sua consciência de
povo, conforme demonstra um dos cartazes afixados em Pequim na noite inicial
da revolta, o qual reproduzimos abaixo.

"O Santo imperador Chu Hung Tang avisa a todos os discípulos de Budha: morte
aos demônios do oeste que oprimem nosso país escarrando sobre nossos deuses
e roubando nossas riquezas. O grande momento já foi escolhido pelo destino. O
céu não permitirá que aqueles que violaram tantas sepulturas para abrir caminho
para suas máquinas de ferro e que tomaram a força às terras dos filhos do sol
escapem à condenação de seus crimes. Insolentes como são, esses bárbaros não
recuam diante de nada. É por essa razão que nós, membros da Sociedade
Harmoniosa do Punho Fechado, membros da arte marcial chinesa, da justiça e da
concórdia, o convidamos a massacrá-los sem piedade no cair desta noite".

  O texto deste cartaz indica bem o espírito nacionalista da apelação. Este espírito
não tem seu fundamento nas artes marciais, nem tampouco é este espírito um
fundamento para as artes marciais. Pensamos que não dá para atribuir a origem
das artes marciais, na china, a um espírito próprio de seu povo, mas a um
conjunto complexo de fatores que, decerto, inclui também este espírito.
Chamamos a atenção também para a noção incorreta do termo povo, na
expressão "espírito guerreiro do povo chinês", no contexto que anunciamos aqui.

domingo, 17 de outubro de 2010

O sentimento Dúvida.

 Você sabe, eu não vou chorar novamente, eu não quero chorar novamente e jamais verei sua face. Você viu, provou dos meus olhos, de toda raiva que eu pude sentir, sabia das feridas que me havia causado, mas agora, eu não vou cair novamente, pois eu não quero saber o seu nome, não quero tentar novamente, não quero machucar novamente, não me deixe ver você machucada, não se permita machucar, pois não quero que você morra novamente. Não quero fugir, não quero mentir, não quero surgir e nem partir, apenas estar, aqui. Pois você me vê, enxerga o que há em meus olhos, mas continua mentindo sobre tudo. Eles vão colocar outros nomes nessas palavras, mas você, a verdadeira, nunca vai saber de quem estou falando, pois o mundo das outras vai girar no umbigo delas e elas vão dizer, é de mim que ele fala.
  O que eu posso dizer? Você se sente perseguida, caçada, oprimida na profundidade dos seus pensamentos, tudo isso é apenas medo, uma presa que se debate ferindo tudo que está a sua volta, mas que tolice, antes de dormir vai estar só com seus pensamentos, lamentos. Tenho pena de você, meu sentimento mais impuro, guardada dentro de mim você reluta em aceitar a verdade, acha que é pessoa, que pensa e que sente, mas é só um sentimento, questão de tempo. Você pode sentir prazer, mas se sente tão péssima por ser o que é, apenas um vislumbre do todo, uma foto preto e branco de uma paisagem na primavera.
  Eu vi você recuar, vazia e com dor, desejando não ter escutado aquela canção, horrível canção, não. Jurou nunca mais levantar, nunca mais viver, nunca mais me ver, não me deixar viver, mas eu vou forçar sua mão contra meu coração e você vai ler na primeira página do meu espírito o quanto me impediu de ver o que eu queria ser. Notei que seus joelhos dobravam e enquanto tremia os sinos tocavam, não queria dizer adeus, não sabia se era um adeus, teve medo dos sinais, dos sons anormais, então vomitou simplesmente se afogou.

Por: Rubem de Souza A. Neto

Reflexão.

  Lidar com o que somos e o que sentimos é um tema bem vasto, dá pano pra muita manga e a parte boa é que se você inventar um pouco ou omitir detalhes ninguém vai perceber muito a diferença. Também não quer dizer que sendo honesto e verdadeiro na medida do possível eu venha a relatar perfeitamente tudo que sentimos e acreditamos, muito menos de forma mais singular alguém poderia descrever uma personalidade baseada em meros textos ou relatos descabidos de total realidade, em sua totalidade.
  Pensar em refletir é algo meio irônico de se pensar, pior é refletir sobre pensar em refletir, peraí... É, isso mesmo. Continuando, saber o que significa de verdade o sentir e seus propósitos é tão simples e ao mesmo tempo tão complicado, muitas vezes nos pegamos perdidos em mais pensamentos do que deveríamos e isso complica muito o modo que vamos estruturar nossas idéias para chegar num ponto mais confortável de nos entendermos.  Mas a idéia básica deve ser mais ou menos por aí, você pega um pré-conceito e começa a trabalhar a idéia na sua cabeça, relendo os indícios de verdade e seus possíveis sinais de realidade com o que estamos tentando concluir, depois você destrói tudo que tinha pensado e se questiona diretamente, se não houver problema para você assimilar a questão é porque você conseguiu transformá-la na sua verdade pessoal. Podíamos até brigar com outras pessoas para defender essa idéia de tão confortável que ela se veste em nossas mentes limitadas. O problema é que outras pessoas vestem outras idéias, identificam outros códigos, outras realidades.
  Refletir sobre como isso afeta o outro e de que forma posso tornar a minha idéia mais confortável para as pessoas que estão a minha volta é um dos primeiros passos para se pensar coletivamente e estimular as pessoas a fazer o mesmo, refazer seus conceitos de forma mais agradável, mantendo espaço suficiente para que se questionem não só as idéias, mas seus métodos de concepção, desde que venham reformadas para o todo, não para defesa da parte ou da metade, seja ela majoritária ou minoritária. Tudo isso se tornou utópico, pois há muito tempo deixamos de pertencer ao mesmo plano, cada um tem seu plano para realidade, o que acaba por se afastar mais e mais da idéia primordial de se conquistar o equilíbrio, sem entrar na concepção de bem e mal, mas aceitando isso como parte de nossa natureza humana, sem ver como fraqueza aquilo que fazemos por um bem comum, mesmo que seja impossível agora a tentativa é válida em todos os aspectos, mesmo parecendo tão incomum.

Por: Rubem de Souza A. Neto

sábado, 16 de outubro de 2010

Não vá esperar...


  Mas eu não quero esperar por algo que aconteça hoje e que talvez nunca aconteça novamente. Não quero esperar por um dia apenas, um dia para saber se deveria ou não ter esperado, afinal o que é valer a pena nessas horas? Não importa saber se magoamos ou já fomos magoados o suficiente, eu não quero saber disso e eu apenas não quero esses jogos, sem mais jogos com minha pele. É bom relembrar nossas vozes, nossas chances e nossas escolhas, é bom saber que elas sempre estiveram lá e sempre continuarão estando de um modo ou de outro, mudando, mas permanecendo iguais enquanto estiverem e tiverem que ser, por assim dizer.
  É simples, eu apenas não quero esperar por essa noite, o que fazer e até o que poderia dizer. Eu não sei se o que estou escrevendo é certo ou errado, talvez isso não exista, pode ser uma forma de escapar do tempo, mas não da sua existência. Não vou esperar para saber, apenas saberei se souber um dia, vou me movendo para frente como um exército em marcha para a guerra. Eu não estou tentando dizer que não pensar é uma forma justa de manter-se vivo e feliz talvez isso possa te manter feliz, pois segundo alguns sábios a ignorância é uma dádiva e trás felicidade, mas muitas das coisas que conseguimos não nos veio gratuitamente, elas foram conquistadas.
  Também não espero que tudo que quis dizer seja entendido, não ia ter essa pretensão, por mais tentadora que pareça ser a idéia. Liderar meus pensamentos de forma mais organizada nunca foi tarefa fácil, mas o que me conforta é sentir e relembrar cada dia da minha vida com um sentido simples, sem enganar minha consciência, tentando enxergar todos como iguais ao seu modo. Esperar para mim é algo que não conseguiria satisfazer meu espírito, que preso estaria repetindo diversas vezes a mesma coisa e contando com sorte ou forças divinas, não estou dizendo que isso não funcione algumas vezes comigo ou que eu não acredite em Deuses, mitos e lendas. Apenas acredito que se não fizer nada com minha vida e pelo meu povo de nada teria adiantado a existência de Deus e na verdade, fazer alguma coisa para mim pode ser bastante diferente do que é na realidade que você aprendeu a viver, se acostumou a ser. 

Por: Rubem de Souza A. Neto