"Entre os muitos fantasmas que assombram o Capibaribe, um
provoca arrepios nos moradores do bairro da Torre - mais especificamente nos
que residem em edifícios próximos aos manguezais que existem nas margens
daquele trecho do rio mais importante da capital pernambucana. Eles deram o
nome de "Pai do Mangue" ao horripilante fantasma.
O lugar é bem conhecido dos recifenses. Na margem do rio que
fica do lado da Torre, há um ponto onde barqueiros fazem a travessia das
pessoas que precisam chegar ao outro lado, no cais do bairro da Jaqueira. Isso
durante o dia. Quando cai a noite, o local fica deserto e sombrio. É aí que
vizinhança percebe a presença sinistra do Pai do Mangue.
Dizem que ele se faz notar com uma risada estridente e
cavernosa, "como se fosse a gargalhada de uma bruxa, que vai levar sua
alma", revelam alguns. Não se pode definir a origem do som misterioso -
ecoa como se viesse do meio dos arbustos que crescem por alí. E o fenômeno se
repete sempre por volta da meia-noite.
Nessa hora, quase todos os moradores da área se escondem em
seus apartamentos, assustados com o ruído sobrenatural. Uns poucos já se
atreveram a tentar descobrir de onde vem a tal gargalha. Na maioria das vezes,
nada viram e voltaram apavorados.
Mas um grupo de rapazes, que ousou fazer a investigação na
noite de uma sexta-feira 13, testemunhou a aparição de uma estranha figura por
entre emaranhado de galhos e folhas típico da vegetação rasteira do mangue.
Segundo eles, era um senhor negro, de cabelos brancos e roupas claras - uma
figura que lembrava um pescador. A expressão no rosto era de poucos amigos.
Durante alguns segundos, ele chegou a perseguir a turma, para depois
desaparecer na escuridão, como que por encanto.
Quem seria o Pai do Mangue? Os moradores daquelas bandas já
desistiram de querer desvendar esse mistério e procuram conviver em paz com o
tal fantasma."