sexta-feira, 8 de outubro de 2010

O que é o caminho do guerreiro?

  A maioria das pessoas acredita que o caminho das artes marciais é um caminho turbulento  e cheio de “brigas”, dor e agressão, poucas pessoas sabem que nas artes marciais o verdadeiro oponente é você mesmo e todo o esforço é direcionado para conquistar sua mente e seu corpo. O combate em si é apenas uma das ferramentas para entender seu corpo, mente, seus limites e suas habilidades, o que o verdadeiro guerreiro deve ter sempre com ele é a idéia de que a mente nunca deve ser submissa ao corpo e nem o contrário, mas, tanto a mente quanto o corpo devem sintonizar-se na busca de um equilíbrio. Esse equilíbrio é o que desenvolve o verdadeiro guerreiro, uma pessoa que consegue equilibrar e assim fortalecer seu espírito, mente e corpo, reconhecendo a si mesmo, o próximo e o mundo a sua volta se torna humanamente melhor. Para isso a dedicação é fator importante nas artes marciais, que assim como tudo que fazemos precisa de foco e esforço. O desenvolvimento intelectual é um fator de grande importância que hoje em dia vem sido pouco explorado nas artes marciais devido à alta demanda de atividades físicas em academias e o pouco tempo disponível que as pessoas têm para se dedicar ao conhecimento real das artes marciais.
 Em minha opinião filosofia deveria caminhar de mãos dadas com as artes marciais, e qualquer mestre que preze pelos seus ensinamentos deveria explorar isso em seus discípulos como ferramenta de evolução intelectual e reflexão. Um aluno que busca a iluminação intelectual tem maiores chances de se tornar um bom mestre, absolvendo não só as artes marciais como atividade física, mas também compreendendo sua cultura, origem e filosofia. No mundo em que vivemos, cheio de correria e estresse, a prática de aperfeiçoamento intelectual através da filosofia das artes marciais nos ensinaria muito mais do que podemos perceber a primeira vista, preparando o guerreiro não só para o combate físico e sim para os conflitos que uma mente é forçada a sofrer devido às necessidades diárias que a sociedade nos impõe de forma tão conflitante e desacertada, coisa que vem influenciando negativamente as novas gerações que começam a valorizar elementos que vão de encontro ao caminho do guerreiro. Exemplo disso é o consumo de substâncias que visam desenvolver os músculos de forma não natural, criando um conceito deformado de culto ao corpo e o uso de drogas como o álcool, que vem sendo usado excessivamente pelos jovens que cada vez mais se corrompem enfraquecendo a sociedade como um todo.
 Enfim, seguir o caminho do guerreiro não é tarefa fácil e não tem atalhos, não se resume a um bom lutador ou a um corpo bem desenvolvido. É necessário resgatar as raízes filosóficas e culturais das artes marciais para aplicar corretamente seus ensinamentos através da humildade espiritual e intelectual. Reconhecendo o próximo como irmão e respeitando a vida como um todo, sabendo que seu corpo é o maior dos templos e que deve ser respeitado como tal, para isso é preciso retirar sempre a poeira que se acumula nos vícios, nos excessos impostos por nós mesmos e na preguiça intelectual do indivíduo, preguiça essa que por muitas vezes vem cegando os nossos praticantes para o verdadeiro ensinamento das artes marciais. Não existe uma fórmula exata para se encontrar a resposta das perguntas que buscamos como guerreiros, e a frustração será sempre elemento presente na nossa escalada, conscientes disso devemos sempre buscar o melhor em nós e acreditar que podemos alcançar qualquer coisa que nós buscarmos em nossas vidas, independente de quão alto esteja o nosso objetivo devemos ter sempre em mente que por mais alta que seja a montanha todo o conhecimento e crescimento que vamos adquirir não estará concentrado no seu topo, mas sim durante todo o trajeto de escalada.

Rubem de Souza Almeida Neto.

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