A criatura queria se perpetuar nos teus sonhos mais obscuros, das lembranças mais intimas que você insiste em guardar nas noites quando chegas em casa farta e cheia de cansaço. O caçador desejava ser a tentação mais inocente, desenhando em teu corpo as curvas de uma serpente. Queria apenas ficar no teu peito feito sangue quente, que te respinga lento e ungido nas dores de um passado distante, manchando tua pele que exaustivamente reluta em aceitar o amargor dos teus lábios, que banhados em café tentam sentir o sibilar das línguas. Numa dança frenética o teu corpo salta sob o dele, sentindo os músculos contraídos e pesados, atordoados dançam uma última canção, que forjada pela decepção e a ilusão te faz acreditar que não é o mal que te aborda, assim tu se lembra das chances que perdeu, e das pessoas que já fizeste chorar.
Segurando tuas lágrimas você sente por dentro a dor de um amor, vendo assim o valor que tem esses sentimentos, você se cansa de cometer os mesmos erros, fazendo de conta que tudo tem seu motivo e horas exatas, você deixa seus pensamentos nublarem a verdadeira face bestial que te contempla. Guiada pelo caos e uma melodia triste você teimou em insistir na fé que a lua provocava em teu espírito, sem saber que provocada e silenciosa a caçada da noite já estava no fim.
Lutando como luta uma fera que desolada e emboscada sente nos pelos o arrepiar de uma estocada. A calmaria dá lugar ao descontrole, e o olhar fúnebre indica os sentidos murcharem, com relutância tu desprende um murmúrio gélido e cortante que se desenvolve ao som da brisa matutina. Tuas mãos sedentas pelo calor tocam a terra já inundada pelo brado vermelho que derrama teu corpo, você parece valsar em direção ao primeiro raio solar. Esta luz ínfima e tímida parece se esforçar para tocar a folhagem do solo, desviando seu raio por entre as arvores escuras e retorcidas daquele bosque, a luz parecia propositadamente iluminar justamente o local da queda. Teu rosto é embranquecido pela luta violenta. Sedento pela vida que existe ali o teu amado que agora mais parecia uma grande sombra, se curva perante o teu corpo já sem vida e onde antes havia patas e garras, agora existem duas mãos erguidas que se unem no desenrolar de uma breve oração.
Por: Rubem de Souza A. Neto
Por: Rubem de Souza A. Neto
Poxaaaa.. =O
ResponderExcluirMe arrepiei com essa =D